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Leitura e Produção deTextos
Um outro recurso introduzido em (24) foi o artigo definido para determinar o referente de “relógio”. Aqui, o uso do artigo parece muito com o que vimos no caso da “buzina” do carro, no item 2.2.2. Pelo nosso conhecimento de mundo, sabemos que muitas pessoas utilizam relógios e, quando isso acontece, elas têm apenas um relógio no pulso, ou, em alguns poucos casos, no bolso. Ao dizermos que o homem olhou para “o relógio”, o leitor certamente assumirá que o referente específico é aquele que o homem traz junto ao seu corpo. Se substituíssemos o artigo definido “o” pelo indefinido “um”, a interpretação da frase mudaria. Saberíamos que o homem olhou um relógio não específico, que poderia estar no seu próprio pulso, mas também no de outra pessoa da fila, ou pendurado na parede de uma padaria, etc. Poderia, de fato, ser qualquer relógio.

A outra informação que o aluno surdo queria passar estava relacionada à posição do homem na fila do orelhão. Para isso, ele incluiu as palavras “três”, “lado” e “esquerdo”, mas sem relacionar essas palavras com o núcleo do sintagma nominal “um homem”. Para indicar a localização espacial do homem, no português, ele poderia utilizar uma preposição como “a”, por exemplo, bastante utilizada para indicar relações espaciais (como nos exemplos “ao lado”, “à direita”, “à esquerda”, “a cinco metros de distância”, etc). Vamos especificar a descrição do homem, então, conectando dois sintagmas preposicionais ao referente “homem”:

(25) Ao lado, à esquerda, um homem olhava (para) o relógio.