Retornaremos ao exemplo da placa de trânsito mais adiante para refletir sobre qual é o outro fator, além da coesão, que contribui para a escolha de uma, entre duas possíveis interpretações gramaticais de um texto. Agora, podemos passar para um segundo fator importante: a coerência. Fazendo um paralelo com a definição de coesão, podemos entender o conceito de coerência como sendo o modo como os elementos profundos do texto se relacionam, se ligam, se conectam, permitindo o surgimento de um sentido unitário/global do texto. Mas o que são os elementos profundos do texto?
Lembre-se que a coesão trata do modo como os elementos superficiais do texto se relacionam. Vimos que os elementos superficiais são aqueles que os nossos sentidos são capazes de captar, isto é as palavras, expressões e frases escritas, sinalizadas ou oralizadas. Na coesão, então, estávamos discutindo a forma dos textos. Na discussão sobre coerência, diferentemente, vamos analisar não a forma, mas o conteúdo dos textos. Os elementos profundos do texto são os conceitos, que estão associados às palavras, expressões e frases Quando falamos de coerência, portanto, estamos falando de como os conceitos do texto se ligam, se conectam, se relacionam entre si.
Lembre-se que todo o signo é composto por duas partes inseparáveis, como os dois lados de uma folha de papel. De um lado do signo temos o significante e do outro lado temos o significado. Podemos pensar então que o estudo da coesão focaliza a relação entre os elementos da língua no nível do significante, enquanto o estudo da coerência focaliza a relação entre os elementos da língua no nível do significado.