Na dimensão de análise do discurso como prática discursiva, nosso modelo tridimensional nos remete à investigação de processos de produção, distribuição e consumo. Enquanto, na seção anterior, preocupava-nos uma descrição fundamentada em aspectos lexicogramaticais – ainda que tenhamos feito incursões interpretativas –, na presente dimensão de análise, nossa atenção recai sobre possíveis interpretações baseadas em aspectos relativos a coerência, força ilocucionária, intertextualidade e interdiscursividade. Com relação à coerência, o gênero textual tirinha, como já sinalizamos, suscita processos sócio-cognitivos que nos permitem – por meio da ativação de nosso conhecimento prévio – atribuir-lhe sentidos ou possíveis significações. Isso se dá pelo fato de que, em nossa experiência de vida nos dias atuais, sabemos que várias pessoas compartilham um sentimento negativo quanto à segunda-feira, por razões semelhantes às de Garfield. Nesse sentido, podemos afirmar que a coerência não reside somente no(a) escritor(a)/falante, mas, também, no(a) leitor(a)/ouvinte. Pode-se dizer, inclusive, que a coerência “está na cabeça” dos interagentes.