O modelo tridimensional de análise do discurso proposto por Fairclough (1989, 2001) é chamado pelo próprio autor de teoria social do discurso. Diferentemente de outras teorias sociais, a ACD é lingüisticamente orientada. Isso implica que, ao fazermos interpretações relevantes acerca das idéias, crenças, preferências, identidades e relações que subjazem ao uso de linguagem, focalizamos também elementos lingüísticos de modo a fornecer evidências das interpretações que fazemos. Esse também é um dos fundamentos da Lingüística Sistêmico-Funcional, razão pela qual a ACD incorpora princípios dessa abordagem em suas análises, como veremos na Unidade 4. A preocupação social da teoria de ACD que adotamos tem por pressuposto o fato de que, em sociedades democráticas, a distribuição de poder é uma questão mais persuasiva e de consentimento do que coerciva (FOUCAULT, 1972; VAN DIJK, 1997). A persuasão e a produção de consentimento são exercidas, antes de mais nada, por meio de verdades veiculadas discursivamente, o que tem contribuído para a importância do discurso na constituição da sociedade, como enfatizamos na apresentação a este material. O crescimento do discurso como um fenômeno constitutivo de sistemas de conhecimento, identidades e relações legitima os empreendimentos de conscientização propostos pela ACD.