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Análise do Discurso L06
         
 
Muitas vezes, as pessoas não param para pensar e refletir acerca do que dizem, ouvem ou fazem. Com certa freqüência, não refletimos em profundidade a respeito de como nossas ações e nossos discursos – por mais simples que sejam – têm reflexos na formação de indivíduos e de estruturas sociais; e é desse modo que (re)constituímos o mundo em que vivemos reforçando (e não desafiando) a realidade assim como nossas identidades e relações sociais.
 Não podemos esquecer, no entanto, que supostas verdades – provenientes do nosso entendimento da realidade – podem ter conseqüências sociais, já que muitas delas são injustas e discriminatórias na medida em que são impregnadas de relações assimétricas de poder e dominação e cooperam para a legitimação do domínio injusto de uns sobre outros.
Grande parte dos(as) falantes/escritores tendem a codificar, em seu comportamento lingüístico (léxico, estrutura sintática), representações discriminatórias do real, de modo inconsciente e ingênuo. Na verdade, é aí que está o maior problema da ideologia, ou seja, seu status de senso comum. Sem pensar, terminamos por reproduzir relações assimétricas de poder como se fossem aspectos naturais da vida humana.
Se refletirmos criticamente na ação do governo federal em alocar vagas nas universidades federais para pessoas de níveis sociais menos privilegiados, e nas práticas discursivas que permearam essa ação, por exemplo, podemos perceber que há, por trás dessa medida e do discurso que a acompanha, uma desvalorização do ensino público brasileiro e, conseqüentemente, daqueles que o freqüentam ou freqüentaram .