Como já discutimos anteriormente, a Análise Crítica do Discurso está embasada em pressupostos funcionalistas. Assim, os analistas críticos do discurso enfatizam a relevância do estudo da relação inerente entre estrutura lingüística e estrutura social. Nesse sentido, a ACD incorpora, também, pensamentos do professor, filósofo e crítico literário russo Mikhail Bakhtin – desenvolvidos originalmente a partir do final da década de 1920 – para quem o uso de linguagem não é individual, mas social e para quem o significado de uma palavra não é intrínseco a ela, mas dependente do contexto e do falante/escritor. Como relata o próprio Bakhtin (2002, p. 43), “a organização hierarquizada das relações sociais exerce influência poderosa sobre as formas de enunciação”. Com base nesses pressupostos, Fairclough (1989) propõe considerar o discurso como uma prática social, uma forma de as pessoas representarem a realidade, agirem sobre o mundo e, sobretudo, sobre as outras pessoas; enfim, o discurso caracteriza-se como forma de ação sobre as estruturas sociais. No entanto, como já comentado anteriormente, é, ao mesmo tempo, formado e regulado por essas mesmas estruturas. Essa perspectiva bidirecional, já mencionada anteriormente, é explicada da seguinte forma porGouveia (2007) pesquisador português que se dedica, também, aos estudos em análise crítica do discurso. Dessa relação de influência mútua entre discurso e sociedade, decorre a influência do discurso nas crenças e conhecimentos das pessoas, na constituição de suas identidades e, ainda, no modo como se relacionam; da mesma forma que nossas crenças e conhecimentos, assim como nossas identidades e relações determinam nosso uso de linguagem. Enfim, o discurso revela a pessoa que somos, refletindo nossa visão de mundo e do outro e, ainda, o modo como nos relacionamos com esse outro. Veja exemplo.