Se observarmos como são produzidas as experiências lúdicas com a língua, perceberemos que a espontaneidade na criação textual que está presente nas associações de surdos apresenta uma determinada estrutura que se gerou culturalmente e está representada através de narrativas surdas. De outro lado, se analisarmos as experiências que ocorreram nos espaços escolares onde houve a possibilidade do encontro surdo-surdo também se evidencia uma metodologia que coloca em perspectiva uma forma própria de criação no que concerne aos aspectos de uma linguagem visual, imagética, de expressão corporal e de representações artísticas. Ou seja, as práticas sóciodiscursivas de elaboração textual refletem diferentes níveis e representações dentro das esferas institucionais como escola, igreja, associações, etc.
É importante analisarmos como a produção textual em língua de sinais é uma relação que envolve uma dinâmica de inter-relação entre corpo, espaço e movimento. Portanto, diferente de uma dinâmica presente nas línguas orais, as línguas de sinais convivem com o cênico como um elemento de atribuição de sentidos. Por isso, o ambiente ou espaço físico não é um mero componente ou detalhe, é um elemento decisivo para a produção de sentidos.
Nesse sentido, a pedagogia do professor surdo surge da sua própria forma de construção de sentidos que é visual, e nesse sentido há um ganho muito grande para os alunos surdos quando o professor partilha da mesma experiência de ser e estar na relação com a linguagem as pessoas e o mundo.