Mas como se configura a história dos TILS? De um modo geral, pode se afirmar que este profissional se constitui enquanto tal na medida em que os surdos são reconhecidos socialmente como grupo linguístico que faz uso da língua de sinais. Sobre este aspecto Guarinello et alli (2008: 64) afirma que as implicações ao se oficializar a Libras são de ordem social, subjetiva, cognitiva, terapêutica e educacional. Todos estes aspectos estão inter-relacionados e põe em cena a figura do intérprete. Esse reconhecimento cria, portanto a demanda de profissionais, garantida pela própria legislação – Lei de Acessibilidade 10.048 de 2000, regulamentada pelo decreto 5.296 de 2 de dezembro de 2004, em seu artigo 23 – que garante o direito de os surdos terem intérpretes em espaços sociais diversos, públicos ou privados.
Em contextos familiares em que há indivíduos surdos, é muito comum que um dos ouvintes funcione como intérpretes. Fora deste contexto, todavia, sabe-se que a atuação dos intérpretes esteve (está?) extremamente arraigada aos trabalhos voluntários, especialmente ligados aos contextos religiosos. A este respeito, Lane (1984: 285) afirma que a religião tem sido uma das forças que ajudaram a perpetuar as línguas minoritárias “tanto entre surdos como entre os índios”. Ainda que o objetivo fosse voltado para a educação religiosa, o clero, diferentemente das autoridades legais, já tinha o entendimento de que a aprendizagem ocorria somente na língua natural do aprendiz.