Além da importância dos registros na Libras, encontramos uma vasta e diversificada literatura, presente em associações de surdos, em escolas, em pontos de encontro da comunidade surda. Algumas dessas histórias são contadas e resgatadas por surdos idosos e/ou por surdos contadores de histórias. Uma pequena parcela dessas produções culturais têm sido registradas em fitas de vídeo, na Libras ou, então, traduzidas para a língua portuguesa. As narrativas, os poemas, as piadas e os mitos que são produzidos imprimem a identidade e a cultura surda.
Wilcox & Wilcox (2005, p. 101) relatam a experiência de surdos norte-americanos: ?A comunidade surda é bilíngüe. Há muitos trabalhos em inglês de poetas Surdos, escritores de peças, novelistas e ensaístas que os estudantes de segunda língua podem ler com o intuito de se familiarizarem com a cultura e a experiência Surda.?
As produções culturais de pessoas surdas envolvem, em geral, o uso de uma língua de sinais, o pertencimento a uma comunidade surda e o contato com pessoas ouvintes, sendo que esse contato lingüístico e cultural pode proporcionar uma experiência bilíngüe a essa comunidade. Neste sentido, além da escrita da língua de sinais, a escrita da língua portuguesa, também faz parte do mundo surdo, indispensável aos surdos brasileiros para a escolarização, defesa de seus interesses e cidadania. Pode-se pensar que a escrita pode contribuir para a destruição da riqueza em sinais; mas a escrita, por si só, não é necessariamente um fator contrário, já que a escrita pode servir como a busca por tradução das raízes culturais, associada a outras formas de arte, como teatro e vídeo.