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Na década de 60, Michel Pêcheux lançou a Análise Automática do Discurso (1969), criando uma nova maneira de se encarar a linguagem humana ao deslocar o ponto de partida da análise do produto pronto ou do processo interno de produção, segmentado ou não, para as condições de produção, ou seja, o objeto de estudo deixou de estar centrado na fala, na escrita ou no texto em si mesmos para recair nas condições, na situação, no momento de produção, invertendo a linha de raciocínio a respeito do processo de produção. A questão deixou de ser “o discurso existe independentemente do sujeito”, como no Estruturalismo ou no Gerativismo, ou “determinado tipo de indivíduo produz determinado tipo de discurso”, como na Sociolingüística, para ser “o porquê de determinado tipo de indivíduo produzir determinado tipo de discurso”. A atenção passou do texto para o sujeito. Esse sujeito-falante, na concepção de Pêcheux, seria resultado de um processo histórico-social e influenciado ideologicamente, o que o transforma e marca o seu discurso. A análise do discurso francesa privilegia sempre o discurso institucional, o que quer dizer que o trabalho de análise levará sempre em conta a situação discursiva como sendo uma situação tipo. Por exemplo, o discurso da medicina, o discurso jurídico, o discurso científico, o discurso acadêmico, etc. São, respectivamente, aqueles que ocorrem em situações-tipo da Medicina, do Direito, da ciência, do meio acadêmico, etc. Ao se conceber que existam situações típicas, deve-se aceitar também que os sujeitos do discurso fazem parte de um universo típico de cada instituição. Mas se o sujeito é parte desse universo, deve-se propor ou que um sujeito só trafega por um universo e, então, também é um sujeito-tipo, um elemento institucional, ou que o sujeito (apesar de poder ser participante de uma instituição) trafega por várias instituições e é capaz de assumir cada um dos diversos discursos institucionais. Os analistas franceses defendem a segunda idéia, a de que o sujeito, ao passar de um ambiente para outro, assume os discursos institucionais possíveis conforme o seu trânsito. A esse processo de adaptação discursiva dá-se o nome de assujeitamento. Esse sujeito assujeitado é então aquele que se apropria de um discurso pré-existente e faz uso dele a partir de regras também preexistentes. |