No Brasil também não encontramos um cenário diferente do mundial. A autora Angela Kleiman (1998) adverte que é quase inevitável definir LA sem buscar para esta construção conceitual sua relação com a Lingüística. E por que existe a dificuldade em determinar esta fronteira? Sobre este aspecto Kleiman (1998: 52), em seu artigo “O Estatuto disciplinar da Lingüística Aplicada: o traçado de um percurso, um rumo para o debate”, esclarece:
A questão é histórica porque a Lingüística Aplicada emergiu um tanto tardiamente em relação ao momento que se configuraram importantes problemas de ensino de língua materna no país e foram os lingüistas os que ocuparam os espaços de atuação aplicada que hoje a LA também reivindica. Esses lingüistas propunham-se, no fim da década de 1960, ao responder às perguntas de professores confusos pelo insucesso com novos estudantes que a democratização do ensino trazia para a escola, e pelo novo objeto - comunicação na língua – que a Lei 5.692/71 instituía.
Este diálogo entre as duas áreas também ocorre na atualidade. As mudanças dos paradigmas que norteiam os estudos da linguagem têm deslocado, para muitos lingüistas, o foco da lingüística estrutural. Desta maneira, sua investigação envolverá a análise do uso da linguagem em suas práticas sociais e, conseqüentemente, fora do limite das ciências lingüísticas, adentrando no território da Lingüística Aplicada.
Kleiman, A. B. (1998). O estatuto disciplinar da lingüística aplicada: o traçado de um percursão rumo ao debate. In I. Signorini & M. Cavalcanti (Orgs), Lingüística Aplicada e Transdisciplinaridade. Campinas: Mercado de Letras.