Como argumento para a questão (c), BERENZ.& FERREIRA-BRITO (1987) propõem uma análise tripartida para a locação, em que três níveis espaciais são diferenciados. No primeiro nível, a locação é vista como um componente interno da estrutura de um sinal. No segundo nível, a locação é vista como parte do espaço de sinalização usado como estrutura lingüística para pronomes (a interpretação espacial lingüística de referentes). O último nível é a locação atual dos participantes da conversação e dos referentes de terceira pessoa. Os dois primeiros níveis são lingüísticos e convencionais, já o terceiro não é. Para a referência de primeira pessoa, esses três níveis de locação são realizados com o mesmo espaço físico, ou seja, a área na frente do corpo do sinalizante (parte superior do tórax). Isto acontece devido ao que Lyons chama de egocentricidade da dêixis, já que o espaço de sinalização é ancorado pelo corpo do sinalizante. Para a referência de segunda pessoa, a realização dos três níveis de locação no espaço físico não co-ocorre, mas as diferenças não têm impacto na performance do sinal. Já a referência de terceira pessoa aparece como sendo mais complexa porque os três níveis de locação diferem.