Finalmente, uma última hipótese que discutiremos é aquela que propõe que os pais simplificam a sua fala quando se dirigem às crianças. Os pais usariam formas mais simples no início do processo de aquisição e iriam gradualmente aumentando a complexidade de seus enunciados para estar no mesmo nível do desenvolvimento da criança. De fato, já foi observado que os adultos falam de uma forma diferente com as crianças, no que é conhecido como “maternês” (em inglês, “motherese”). Quando falando com crianças pequenas, os adultos usam sentenças mais curtas e freqüentemente usam um padrão de entonação diferente. No entanto, em um estudo comparando crianças cujos pais usavam o maternês com crianças cujos pais não usavam, Newport, Gleitman e Gleitman (1977) não descobriram nenhuma diferença no desenvolvimento da linguagem das crianças. Portanto, o maternês não parece ser o método pelo qual as crianças adquirem linguagem. Concluindo, as crianças adquirem linguagem independentemente da qualidade interativa e independentemente da cultura. Ou seja, basta que sejam expostas a uma língua que as crianças irão adquiri-la. No entanto, se hipóteses como tentativa e erro, correção dos adultos, imitação ou simplificação da linguagem pelos adultos não são capazes de explicar como as crianças adquirem uma língua, como então podemos explicar esse processo? A teoria que iremos explorar na unidade 4 propõe que as crianças possuem um conhecimento lingüísticoinato que as guia no processo de adquirir uma língua. Em outras palavras, as crianças já nascem “equipadas” com vários aspectos das línguas humanas, que são geneticamente determinados.