top
Sociolinguistica_L8B8






2.7 Crianças sem língua

A vida de uma criança surda numa família de ouvintes que não use língua de sinais é sempre difícil, porque a criança não pode participar da conversa familiar. Mesmo assim, a criança interage com seus familiares, comunicando-se precariamente com sinais caseiros e sendo socializada. Depois, quando a criança chega à idade escolar, ou mesmo à adolescência, começa a sair de casa e encontra outros surdos usando língua de sinais, é comum observar que a aquisição da língua de sinais é rápida e eficiente.
Isso não acontece em casos mais extremos de crianças isoladas do convívio familiar. Existem vários casos históricos de crianças chamadas "selvagens" que são encontradas vivendo na natureza, sem família, às vezes na companhia de lobos, cachorros, macacos ou outros bichos. Alguns dos mais famosos (com retratos) são Pedro, o selvagem (encontrado em 1724) Victor (1799) Kaspar Hauser (1828), e e Kamala and Amala (1920) (Leia mais sobre crianças selvagens na Internet)
Um caso recente é o caso de uma menina chamada "Genie", que foi descoberta em 1970 por assistentes sociais aos 13 anos, depois de ter passado mais de onze anos presa e isolada na própria casa. O pai manteve-a amarrada numa cadeira de dia e na cama de noite, e proibia a mãe e o irmão de falar ou interagir com ela. Quando foi descoberta, ela não falava. Depois de ter sido tirada de casa, ela começou a aprender a língua inglesa, mas até hoje não consegue falar fluente e gramaticalmente.
O que todas essas histórias têm em comum é isto: a quase impossibilidade de uma pessoa que foi privada de língua e de interação com outros seres humanos na infância de adquirir a língua.