Além de verbos, nomes e adjetivos que figuram como predicados, há também preposições que não são só elementos relacionais (ou gramaticais), mas núcleos lexicais. Elas também vão impor restrições a seus argumentos. Vejamos os exemplos em (62):
(62) a. A compra do carro foi feita pelo João contra a vontade de Maria. b. João viajou para São Paulo
A preposição contra em (62a) relaciona os argumentos João e a vontade de Maria. Pode ser considerada um predicado, pois impõe restrições sobre os argumentos por ele selecionado: um externo (o João) e um interno (a vontade de Maria). Para distinguirmos as preposições gramaticais (ou funcionais) das preposições que figuram como núcleos lexicais (ou predicados), consideremos as preposições de e para dos exemplos (62a) e (62b). Elas são de natureza diferente: enquanto a primeira é meramente relacional, contribui apenas para a combinação entre o nome compra e seu argumento o carro, em [a compra do carro], a segunda indica direção, impõe restrições ao argumento São Paulo [para São Paulo], que necessariamente tem de ser um lugar (não poderíamos dizer: *João viajou paraa mesa). Veja resumo da unidade 5
Veja resumo da unidade 5 Em síntese, verbos, nomes, adjetivos e preposições são predicados quando forem núcleos lexicais, ou seja, quando figurarem como elementos que impõem exigências a seus argumentos. Essas exigências estão relacionadas ao número de argumentos selecionado, ao tipo de argumento (interno ou externo), aos traços desses argumentos ([+animado] ou [-animado]) e aos papéis dos participantes da situação descrita. Na próxima unidade, vamos falar desses papéis.