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Sintaxe L08/B08
         
 
Para essa nossa discussão, interessa, principalmente, a s-seleção, por fornecer informações importantes sobre o papel temático dos argumentos.
A partir da configuração dos argumentos selecionados pelo verbo e dos papéis temáticos que um verbo pode atribuir, o sintagma verbal - VP pode tomar diferentes configurações estruturais em termos da Teoria X’ no exemplo (72’)

Vejamos exemplos de verbos do português para cada estrutura arbórea do exemplo (72’):

(72’a) representa um verbo que não seleciona argumentos, como chover (Chove);
(72’b) representa um verbo que seleciona apenas um argumento externo, como trabalhar (Alguém trabalhou);
(72’c) um verbo com um argumento interno, do tipo chegar (chegou alguém/algo);
(72’d) um verbo de dois argumentos, um externo e um interno, como comprar (Alguém comprou algo);
(72’e) representa um verbo de três argumentos, um externo e dois internos, como dar (Alguém deu algo para alguém).

Fazendo uma correspondência dessa representação arbórea com a transitividade do verbo encontrada nas gramáticas normativas, podemos dizer que (a) representa um verbo impessoal, (b)/(c) um verbo intransitivo (ou monoargumental, melhor dizendo, como veremos adiante), (d) um verbo transitivo direto e (e) um verbo transitivo direto e indireto (ou bitransitivo). Mas como e por que distinguir (b) de (c), se em ambos os casos o verbo seleciona um argumento apenas? A discussão das diferenças entre (b) e (c) constituem objeto de discussão desta unidade.
Vejamos, então, em que consiste o argumento para diferenciar a classe dos verbos exemplificados em (b) e (c).