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Morfologia
Todavia, esta não é a única diferença entre eles: já falamos que os sufixos podem mudar a classe da base com a qual se combinam, mas os prefixos não têm esse poder. E porque os sufixos determinam a classe da palavra formada, a tradição gramatical organiza sua apresentação exatamente por essa informação. A gramática tradicional de Cunha e Cintra (2001), por exemplo, apresenta primeiramente os sufixos formadores de substantivos a partir de substantivos, em seguida os formadores de substantivos a partir de adjetivos, e assim por diante. Dada esta compreensão da sufixação, não é difícil aceitar a idéia de que o sufixo é o núcleo da construção morfológica, posto que pelo menos determina a classe da base com a qual vai se combinar e igualmente determina a classe de palavra do produto.
Por outro lado, a tradição gramatical não entende a prefixação da mesma forma. Porque os prefixos em geral não mudam a classe da base com a qual se combinam, as gramáticas tradicionais nem cogitam a idéia de que eles possam ser sensíveis a esta informação e, assim, a gramática de Cunha e Cintra (2001), como todas as outras, apresenta os prefixos do português separados em duas listas, uma dos que têm origem no latim e outra dos que têm sua origem no grego; e, como critério organizador da lista, temos a ordem alfabética: abs-, ad-, ante-, etc.