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Morfologia
Conclusões das unidades 06 e 07

Ao contrário do que supunham os estruturalistas, vimos neste capítulo que a derivação está bem próxima da flexão, porque ela também está empenhada em fazer com que as palavras tenham a forma adequada para entrar numa certa posição sintática, criando, por exemplo, verbos a partir de nomes, adjetivos a partir de verbos, etc., ou dando formas diferentes para palavras da mesma classe que significam coisas diferentes.
Talvez seja agora o momento de reexaminar a idéia de Varrão retomada por Camara Jr.: a derivação não é regular, não é obrigatória, não tem pauta sistemática e não têm nenhum tipo impacto na sintaxe, ao contrário da flexão, que é tudo isso. Vimos na unidade 04, depois de examinar detidamente vários processos tidos como flexionais, que nem sempre os critérios todos eram respeitados e que, em última análise, só o critério sintático poderia realmente caracterizar todos os processos flexionais. Portanto, a flexão não tem todas as características que o Varrão queria que tivesse.
Todo o trabalho que desenvolvemos neste capítulo mostrou que, ainda que a derivação não tenha paradigmas fixos de formas como a flexão, com formas absolutamente previsíveis na maior parte do tempo, a derivação é um fenômeno que se pauta por regras bastante rígidas, e que podem ser também extremamente regulares. E ainda que a derivação não possa desencadear concordância na sentença, ativar um processo derivacional é também uma forma de participar da sintaxe de uma oração, posto que a mudança de classe da palavra é uma das motivações maiores da derivação.