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Morfologia
Vimos na unidade 2 que o morfema de plural sofre alomorfia fonologicamente condicionada. Sim, a escrita é sempre a mesma, -s, mas a pronúncia varia dependendo do que vem pela frente: se é pausa ou uma consoante surda, a pronúncia é /s/ mesmo, mas se é uma consoante sonora ou uma vogal, a pronúncia é /z/, correto? É verdade também que existe variação na pronúncia específica de /s/ e de /z/ dependendo da região do país . No entanto, esse tipo de alomorfia não é tão interessante porque ela ocorre em qualquer contexto com /s/ final, não apenas quando se trata da desinência de plural. Isto quer dizer que se você for examinar como um falante de português pronuncia o lápis amarelo, você vai ver que ele fala uma coisa como /ulapizamarelu/.
É por isso que para os morfólogos é mais interessante olhar o tipo de alomorfia que a desinência de plural desencadeia em outros morfemas, isto é, a alomorfia que não se dá no morfema /s/, mas na base à qual a desinência se associa. Dito de outro modo, o morfema de plural exige que o morfema de base seja substituído por um alomorfe. Há vários casos. O mais visível é o caso de palavras oxítonas terminadas em /s/ ou palavras terminadas em consoantes, que devem lançar mão no plural de seu alomorfe em -e- (às vezes escreve-se e mas pronuncia-se /i/). Exemplifiquemos com dois casos: o plural de rapaz e o de mar. Que ambos têm alomorfes com -e pode ser mostrado em certas formações morfológicas que eles podem exibir, como rapaziada e maremoto. A sua flexão está descrita em (4)