top
Introdução aos Estudos da Tradução L08 B08
Se a ênfase de Cícero e Horácio era no texto de chegada para o enriquecimento da língua e da literatura latina, com a tradução da Bíblia, por exemplo, temos uma mudança de foco e a preocupação era com o texto de partida, pois o objetivo era o de “espalhar a palavra de Deus” e estar o mais próximo possível da palavra divina.

Por isso, as religiões, especialmente as religiões de tipo universalista, sempre lidaram com a tradução, elemento-chave para sua expansão entre os diferentes povos. Entre elas, talvez a que mais se dedicou às questões de tradução foi o cristianismo. De fato, a tradução da Bíblia constitui um dos mais ricos capítulos da história da tradução, com momentos sublimes, dramáticos e trágicos.

Já no terceiro século a.C., quando o grego era a língua franca, eruditos judeus começaram a traduzir a bíblia hebraica ao grego, trabalho que só se completaria um século mais tarde. A tradição, contudo, era que cada uma das 12 tribos de Israel tinha contribuído com seis eruditos para o projeto do que viria a ser conhecido como a Septuaginta . Com a propagação do cristianismo novas traduções foram feitas para o copta, o etíope gótico e, o que foi crucial, para o latim. Em 1405 São Jerônimo completou sua tradução, baseada em parte na Septuaginta. Apesar dos erros inseridos por copistas, a Vulgata, como passou a ser conhecida a versão jeronimiana, se transformou na tradução de referência do cristianismo ocidental, posto que manteve por cerca de um milênio.