Segundo George Steiner, o fato de que milhares e milhares de línguas diferentes e mutuamente incompreensíveis foram e são faladas em nosso pequeno planeta é uma expressão clara do enigma profundo da individualidade humana, da evidência biogenética e bissocial de que não existem dois seres humanos inteiramente iguais. O evento de Babel confirmou e externalizou a interminável tarefa do tradutor (2005: 72).
Logo, a tradução é necessária porque os seres humanos falam diferentes línguas e também porque ela está presente em diferentes situações e pode variar, por exemplo, entre homem e mulher, criança e adulto, entre classes sociais diferentes ou ainda na linguagem gestual.
Um bom exemplo das diferenças entre variedades da mesma língua é o caso do português lusitano e o português brasileiro. Com freqüência, obras contemporâneas, protegidas por direitos autorais e que em princípio poderiam ter uma só tradução, têm duas traduções, uma em português de Portugal e outra em português do Brasil. É o que aconteceu com o próprio livro Depois de Babel, de George Steiner, como para ilustrar o que ele defende no livro. Em 2002 a editora portuguesa Relógio d’Água publicou uma tradução para leitores portugueses e em 2005 a editora da UFPR publicou uma tradução para leitores brasileiros.