Dentro desta concepção não há atividade lingüística sem tradução e o próprio aprendizado de qualquer língua passa necessariamente pela tradução. Não espanta, portanto, que a tradução seja uma das mais antigas atividades do mundo. Ela, de fato, existe desde tempos imemoriais, em todo tipo de troca entre seres humanos. Mas lembra Susan Bassnett que no passado a tradução era “considerada uma atividade marginal” (2003: 1), que só começou a ser vista como um ato fundamental do intercâmbio humano no século XX.
Em A tradução vivida, Paulo Rónai, ao contestar as definições dadas à palavra tradução, observa que:
Ao definirem “tradução”, os dicionários escamoteiam prudentemente esse aspecto e limitam-se a dizer que “traduzir é passar para outra língua”. A comparação mais óbvia é fornecida pela etimologia: em latim, traducere é levar alguém pela mão para o outro lado, para outro lugar. O sujeito deste verbo é o tradutor, o objeto direto, o autor do original a quem o tradutor introduz num ambiente novo [...] Mas a imagem pode ser entendida também de outra maneira, considerando-se que é ao leitor que o tradutor pega pela mão para levá-lo para outro meio lingüístico que não o seu (1976: 3-4).