Além dessas diferenças individuais (idioletos), a língua utilizada por diferentes grupos de pessoas pode apresentar variações regulares, variações em determinados grupos, conforme a proximidade entre as pessoas. Quando a língua de sinais usada por surdos de regiões geográficas ou grupos sociais diferentes apresenta diferenças sistemáticas, diz-se que esses grupos usam dialetos da mesma língua. Os dialetos nas línguas de sinais podem ser definidos como formas mutuamente compreensíveis dessa língua e com diferenças sistemáticas.No entanto, nem sempre é fácil decidir se essas diferenças sistemáticas entre duas comunidades lingüísticas representam dois dialetos ou duas línguas distintas. A definição mais simples, que tem sido utilizada é: ?Quando dois dialetos se tornam mutuamente ininteligíveis, ou seja, quando os usuários de um dialeto já não conseguem compreender os usuários de outro, esses dialetos tornam-se línguas diferentes?. Claro que a dificuldade está em definir o que é ?inteligibilidade mútua?, pois considerar o uso lingüístico de duas comunidades como dialetos ou como línguas diferentes transcende questões lingüísticas, já que há questões políticas e de identidade cultural envolvidas. Neste trabalho, consideraremos dialetos da mesma língua as versões mutuamente compreensíveis da mesma gramática básica que se distinguem de forma regular. Todas as comunidades lingüísticas apresentam, de fato, variações sistemáticas no uso da língua de sinais. Essas variações podem se apresentar no vocabulário, na sintaxe, enfim, na forma como o surdo usa os sinais.