Existem, ainda, muitas outras maneiras dos falantes do português expressarem o mesmo evento em que o João abriu a porta com a chave da Marina. Vejam as sentenças: O estudo da sintaxe das línguas de sinais, tanto quanto o das línguas orais, é bastante centrado na questão da ordem dos constituintes da sentença. De maneira geral, como já dito no início do curso, a ASL e a libras têm sido consideradas línguas SVO, ou seja, línguas que têm, como ordem básica, aquela em que o sujeito aparece antes do verbo, e os objetos, tanto o direto quanto o indireto, aparecem depois do verbo. Mas, o fato de a ordem básica dessas línguas ser SVO não significa que os constituintes não possam aparecer em outras ordens. O português também é uma língua SVO. Mas, como vimos nas frases apresentadas, os constituintes da sentença podem aparecer nas mais variadas ordens, desde que marcados com uma entoação particular. Nas línguas de sinais, é interessante que as sentenças que mostram uma alteração da ordem SVO têm um ou mais constituintes acompanhados de alguma marcação não-manual. Assim, por exemplo, parece ser bastante comum, tanto na ASL quanto na LSB, termos o objeto afetado pela ação do verbo na primeira posição da sentença, como no exemplo: LIVRO, MARIA COMPRAR ONTEM. Para que essa ordem aconteça, o constituinte LIVRO deve vir acompanhado de um movimento particular da cabeça e de uma certa configuração das sobrancelhas. Mas, essas questões relacionadas à sintaxe tanto das línguas orais, quanto das línguas de sinais, vocês vão estudar em mais detalhes na disciplina de Sintaxe. Vamos, agora, fazer um panorama geral do que estudam a Semântica e a Pragmática.
1- Foi o João que abriu a porta com a chave da Marina. 2- Foi a porta que o João abriu com a chave da Marina. 3- Foi com a chave da Marina que o João abriu a porta. Essas construções organizam os participantes do evento de maneira a focalizar um deles. Em (1), o falante focaliza o participante que realizou a ação do verbo, ou seja, o João. Ele quer dizer que foi o João que abriu a porta, e não o Pedro, por exemplo. Em (2), o foco recai sobre o objeto afetado pela ação do verbo, ou seja a porta. O que o falante quer dizer com essa sentença é que foi a porta que foi aberta, e não a janela, por exemplo. Finalmente, em (3), o participante da ação que está focalizado é o instrumento, ou seja, a chave da Marina. Desse modo, o falante quer dizer, por exemplo, que foi com a chave da Marina, e não com outro instrumento qualquer, que o João conseguiu abrir a porta.