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Estudos Linguisticos
Será que as línguas de sinais têm uma morfologia semelhante à das línguas como o português? Pelo que se sabe, até o momento, as línguas de sinais parecem ter um comportamento morfológico bastante diferente daquele de uma língua como o português, mas não totalmente diferente daquele apresentado por outras línguas orais.
Por exemplo, as línguas de sinais, pelo menos as que já têm sido mais bem estudadas, não parecem ter morfemas flexionais de tempo para os verbos, nem morfemas flexionais de gênero ou número para os substantivos e adjetivos. Alguns autores pensam que os verbos direcionais das línguas de sinais apresentam flexão de pessoa. Para esses autores, a direcionalidade desses verbos, apontando as pessoas que realizam a ação e que sofrem a ação do verbo seria um tipo de morfema de concordância de pessoa. Outros autores, no entanto, dizem que a direcionalidade desse tipo de verbo não é uma característica morfológica deles, mas uma propriedade que eles têm, como os pronomes, de apontar diretamente para as pessoas que estão envolvidas em uma conversação ou em um discurso.
No que diz respeito aos morfemas derivacionais, na ASL, foram encontrados alguns poucos exemplos de prefixação e sufixação. Na língua de sinais brasileira, um dos poucos exemplos de derivação que se pode dar com certeza é a incorporação de numeral. Assim, sinais como UMA-HORA, DUAS-HORA, TRÊS-HORA, QUATRO-HORA, ou como UMA-SEMANA, DUAS-SEMANA, etc. podem ser considerados morfologicamente complexos, na medida em que são formados de um morfema, que é o numeral, e de outro morfema, que significa hora, semana, mês, etc. Mesmo assim, não se pode dizer que se trata de prefixação ou sufixação, na medida em que os morfemas ocorrem simultaneamente.