Uma observação muito importante é a de que, para Saussure, ao fazer as delimitações nas massas amorfas do pensamento e do sons/gestos, a língua produz uma forma. Ou seja, de uma substância amorfa de pensamento e de uma substância amorfa fônica/gestual, a língua cria uma forma. Significante e significado são formas, não substâncias. A lingüística tem por objeto o estudo da forma do significante e da forma do significado, não da substância. Para Saussure, o estudo da substância do significado é objeto de estudo da psicologia, e o estudo da substância do significante é a fonética acústica e articulatória.
Neste momento, vocês poderiam pensar: -- Existe uma área da lingüística que faz interface com a psicologia, e se interessa por questões relativas à cognição! O mesmo acontece com a fonética. Sim, vocês têm razão de estranhar o que eu disse a respeito da visão de Saussure sobre o objeto da lingüística. Mas não se esqueçam de que Saussure estava tentando criar uma ciência. Por isso, ele precisava ser radical no estabelecimento dos limites do objeto dessa ciência Observe o comentário Agora vamos estudar outra dicotomia saussurianas: Sintagma e paradigma
Veja comentário Hoje em dia, muitos lingüistas que fazem pesquisa sobre semântica não deixam de se interessar sobre questões centrais da psicologia, exatamente porque as línguas têm uma relação direta com essas questões: afinal, a língua é uma formatação da massa amorfa do pensamento, que é um dos objetos de estudo da psicologia. O mesmo acontece com lingüistas que estudam fonologia. Eles não podem deixar de estudar fonética, porque é essa disciplina que analisa a massa fônica / gestual que é formatada pelas línguas!