Aristóteles relatou, em 330 a.C., como Esopo defendeu um político corrupto ao contar a estória da raposa e o ouriço. Uma raposa - disse Esopo - estava sendo atormentada por pulgas e um ouriço perguntou se poderia ajudar a removê-las. A raposa respondeu: "Não, essas pulgas estão cheias e já não sugam tanto sangue. Se você tirá-las, novas e famintas pulgas virão". "Então, cavalheiros do júri" - Esopo teria dito - "se vocês condenarem meu cliente à morte, outros virão que não são tão ricos e irão roubá-los completamente".
Nascida no Oriente, a fábula foi reinventada no Ocidente por Esopo. Reescrita em versos gregos pelo poeta Babrius, um romano helenizado, aperfeiçoada em versos em latim pelo poeta romano Fedro (séc. I d.C.), que a enriqueceu estilísticamente. No séc. XVI, ela foi descoberta e reinventada por Leonardo da Vinci (mas sem grande repercussão fora da Itália e ignorada até bem pouco tempo). Portanto, o que conhecemos hoje como sendo fábulas esopianas são, na verdade, adaptações feitas provavelmente por muito escritores.
Esopo não deixou nada escrito. As fábulas que lhe são atribuídas pela tradição foram recolhidas pela primeira vez por Demétrio de Falera, por volta de 325 a.C. É possível que com todas as lendas a respeito de Esopo a verdade se tenha misturado com rumores, de modo que não se sabe com exatidão o que foi que ele escreveu ou não. Seja como for, seu nome e seus feitos transformaram-se em folclore, e o resultado disso foi que muitas fábulas, que talvez não tenham sido escritas por ele, à ele acabaram sendo atribuídas.