Há uma preferência entre a opção ipsilateral da apontação com terceira pessoa que, por hipótese, deve-se à distinção entre os pronomes de segunda e terceira pessoas na libras. A posição mediana do corpo é preferida pelo pronome de segunda pessoa e evitada para o pronome de terceira pessoa que privilegia a posição ipsilateral. Quando os sinalizantes optam pelo uso da apontação contralateral cruzando a posição mediana do corpo, claramente o pronome não se refere à segunda pessoa, normalmente um referente não presente no discurso.
Na libras, os referentes não presentes são referidos de forma anafórica no sentido de estabelecerem co-referência com o seu antecedente. Sua interpretação completa depende dos elementos introduzidos durante a conversação. Todos os pronomes de terceira pessoa são dêiticos no sentido de eles “localizarem” o referente fora do discurso. Essa caracterização anafórica está claramente estabelecida quando a forma da terceira pessoa é acompanhada pela direção do olhar. Nas línguas de sinais, a direção do olhar apresenta uma função no nível discursivo, assim como nas línguas faladas. No entanto, além dessa função, observa-se que nas línguas de sinais a direção do olhar apresenta função fonológica que resulta de sua gramaticalização. No nível discursivo, a direção do olhar serve para direcionar a atenção do interlocutor para o objeto que está sendo indicado. Nos pronomes de terceira pessoa, o interlocutor quase nunca direciona o olhar para o referente indicado. Assim como com os demais sinais, o interlocutor mantém o olhar direcionado para o sinalizante.