top
Semântica e Pragmática
Com o tempo (e com muita pesquisa), ficou evidente o quanto a mente humana é diferente de um computador. Talvez a maior diferença seja a de que o computador só "sabe" o que alguém "ensina" para ele, e quando ele "pensa", ele é sempre lógico. Um ser humano é um ser biológico, e sua mente não começa a vida "pronta" e não recebe a informação sobre o mundo "pronta", de fora para dentro. A mente vai se desenvolvendo e aprendendo, dentro do corpo, por meio de todas as experiências da vida (inclusive as experiências sociais e afetivas). E a mente humana na maioria das vezes não age de forma "lógica". Ao contrário! Você já conheceu alguém totalmente lógico? E essa pessoa era uma pessoa sociável, agradável e engraçada? Era uma pessoa intuitiva, imaginativa, criativa? Amorosa? Fiel? (Torcer para um time de futebol é "lógico"?) Ela tinha crenças para as quais não tinha nenhum motivo? Tinha fé? Tinha ética? Para o ser humano (e para a vida social bem-sucedida), existem muitas outras coisas importantes além da lógica. Às vezes o jeito aparentemente bagunçado de as nossas mentes pensarem é crucial para a nossa sobrevivência. Um modelo da mente (e da linguagem) que só se interessa pelo aspecto da lógica corre o risco de perder de vista todas as outras poderosas habilidades criativas da mente humana que são refletidas no nosso comportamento e no uso da linguagem. Uma semântica da língua natural deveria dar conta de todos os usos da linguagem, não só seu uso estritamente descritivo e racional. Usamos, sim, a lógica; mas na vida cotidiana (diferentemente do que ocorre na ciência!), na maioria das vezes usamos a lógica para justificar ou reforçar crenças que já temos, não para chegar a conclusões inéditas.